quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Rogério Ceni responde a Ney Franco

Eu não tenho muito para falar do Ney Franco, para ser honesto.
Nem o momento acho que cabe muito.
Mas para vocês (jornalistas) não ficarem sem nada...
É que, se eu tivesse toda a influência no São Paulo que ele acha que eu tenho...
Ele estava no olho da rua há muito tempo.
Eu não esperaria, se eu tivesse o poder de decisão.
Então, eu sou apenas um funcionário do clube, eu não decido, eu não mando.
Mas se eu tivesse condições de ter a influência que ele acha que eu tenho...
Ele já estaria longe há muito tempo.
Não tenho mais nada para falar do Ney, faz parte do passado."
Essa foi a resposta de Rogério Ceni aos ataques de Ney Franco.
O capitão do São Paulo usou o fuso horário a seu favor.
Analisou com calma as acusações do treinador.
Principalmente a de que minou as contratações de Ganso e Lúcio.
Ceni é inteligente demais.
Na derrota contra o Kashima Atlers, ele agiu normalmente com o meia.
Não se comportou como se tivesse de mostrar algo a mais.
Não.
Fez questão de se comportar como se nada tivesse acontecido.
Vibrou demais no gol que o meia marcou.
Conselheiros acreditam nas primeiras informações chegadas do Japão.
Os dois já conversaram.
Assim como com a diretoria.
Teria até mandado recado a Lúcio, desmentido as acusações.
O São Paulo vai insistir que tudo não passou de ressentimento de Ney Franco.
E proibirá seus demais jogadores de tocarem no assunto.
Mas, pelo menos, Rogério foi absolutamente sincero.
Demonstrou o quanto odiou trabalhar com o treinador.
E que não considerava o seu trabalho competente.
Fez questão de destacar que o demitiria há muito tempo.
Não há lembrança de declaração tão rancorosa no futebol brasileiro.
Nenhum capitão de time falou claramente.
Ceni disse que o lugar de Ney Franco é 'o olho da rua'.
Uma postura completamente diferente de Marcos.
Também tinha todo esse respeito no Palmeiras.
E teve problemas sérios com treinadores.
Como com Vanderlei Luxemburgo que o mandou parar de falar publicamente.
Continuou dando suas declarações polêmicas para tentar ajudar o clube.
Não precisou atacar ninguém.
Muito menos deixou seu ego aflorar.Ceni faz isso com autonomia fora do comum.
Porque sabe contar com o respaldo da diretoria, de Juvenal.
E da oposição.
Para tudo o que fizer...
Rogério Ceni na época das eleições do São Paulo não esconde.
Joga com uma camisa amarela que pode ser vista a quilômetros de distância.
O motivo?
Juvenal Juvêncio e João Paulo Lopes demoraram para acordar.
Inteligente e rancoroso, ele dá um tapa de luva de pelica em Adalberto Baptista.
A postura agressiva do goleiro com Ney Franco serve de aviso a Paulo Autuori.
Se um dia não concordar com os métodos de trabalho dele, pode fazer a mesma coisa.
Rogério Ceni é o maior ídolo da história do São Paulo.
Ganhou todos os maiores títulos.
Nenhum goleiro fez mais gols do que ele na história do futebol mundial.
Mas ele já perdeu a noção da função de um jogador.
Não se vê mais como um simples atleta.
Aos 40 anos, não tem mais paciência e nem a obediência de um mero atleta.
Sabe que o que representa para o São Paulo.
E não vai admitir que ninguém o desafie publicamente.
Quanto mais o critique, o acuse.
Ao falar que Ney Franco deveria estar 'no olho da rua' há muito tempo, manda um recado.
Deixa claro que os comandantes do São Paulo foram também incompetentes.
Juvenal Juvêncio, João Paulo Lopes, demoraram para acordar.
Inteligente e rancoroso, dá um tapa de luva de pelica em Adalberto Baptista.
Ceni sabe que era o diretor, seu outro inimigo, quem segurava Ney Franco.
O recado de incompetência foi para Adalberto.
Mas atingiu Juvenal e João Paulo de Jesus Lopes.
Com Rogério Ceni é assim.
Para atingir seus objetivos, ele não pensa duas vezes.
Nas consequências.
Se pensasse, agiria de maneira diferente.
Preservaria o clube que tanto ama.
Não percebe que, com essa discussão pública, só expõe o São Paulo ao ridículo.
É o triste resultado de quem se acha mais do que o clube.
E, definitivamente, ele é o maior ídolo que já pisou no Morumbi.
Só que fundamental é o São Paulo.
Deveria segurar o ego e usar sua inteligência.
Sua briga com Ney Franco envergonha.
E mostra que deixou de ser apenas um jogador há muito tempo.
Tem um poder inaceitável.
Faz questão de mostrar isso publicamente, mesmo negando.
Na prática, terá pouco mais de três meses de carreira.
Uma trajetória belíssima nos gramados.
Mas que se tornou triste, deprimente, perto do seu final.
Vaidade tem limite.
Limite é uma palavra desconhecida no vocabulário de Rogério Ceni...e ele pode.

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